História – Arraial do Cabo

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HISTÓRIA DE ARRAIAL DO CABO

Incorporados ao continente por processo natural de sedimentação marinha, após erosão ocorrida há um milhão de anos nas Ilhas do Morro do Forno, Miranda e Pontal do Atalaia, as terras que formam o relevo atual de Arraial do cabo, tem história longa, intensa e com vários fatos marcantes, distribuído em seus quase 5.000 anos de presença humana.

Estudos científicos atribuem a chegada dos primeiros seres humanos na região ao ano 3.500 A .C. Era o início da genealogia dos índios Tamoyos e Goitacazes, da nação Tupinambá, que habitaram com exclusividade essas terras até 1503, quando o navegador florentino Américo Vespúcio chegou com 24 homens para guardar o local sob o comando de João Braga, em uma pequena casa feita de barro e coberta de palha na Praia da Rama, hoje Praia dos Anjos, onde havia muito pau-brasil e outras riquezas naturais e onde se encontra a Igreja de N. Sr.ª dos Remédios, foi realizada a primeira missa em ambiente fechado do Brasil. No mesmo local foi colocado o marco comemorativo da chegada de Américo Vespúcio e onde também encontramos a cacimba que abastecia de água a população de Arraial do Cabo. 

Muitas foram as lutas entre franceses e portugueses pela primazia de hastear ali sua bandeira.

O povoado fundado por Américo Vespúcio foi o primeiro núcleo de população do Brasil, tendo, portanto quase a mesma idade histórica da nossa terra e é nele que inicia o ciclo do pau-brasil. Os franceses foram expulsos do Rio de Janeiro e Cabo Frio continuou abandonado e sujeito a ataques de corsários estrangeiros, juntamente com os índios Goitacazes.

Constantino Menelau, novo governador do Rio de Janeiro, veio a Cabo Frio, o que fez a 13 de novembro do mesmo ano com o nome de Santa Helena, da qual Arraial do cabo passou a ser o quarto distrito. Começa então o processo de colonização, crescendo lentamente com a sua população formada por pescadores. A região prosperou lentamente até o século 19, quando começou a explorar o sal da lagoa de Araruama, com a Abolição da Escravatura houve o colapso da região que restabeleceu após a implantação da estrada de ferro, da rodovia e da Companhia Nacional de Álcalis, fundada em 20 de julho de 1943.

Após tantos anos sendo o quarto distrito de Cabo Frio, o povo cabista resolveu colocar em prática um sonho muito almejado, pois a sua pequena cidade nunca recebeu atenção de seus governantes. Então, após anos de lutas, conseguiram no dia 13 de maio de 1985 a emancipação de sua cidade assinada por Leonel de Moura Brizola, governador do Estado do Rio de janeiro na época. No dia 15 de novembro de 1985, o povo cabista elegeu o seu primeiro prefeito, que assumiria a prefeitura no dia 1º de janeiro de 1986.

 

USOS E COSTUMES DO ARRAIAL:

Pesca: As mulheres dos pescadores levam almoço e o café na praia, ou na casinha do vigia, onde estão seus maridos, quando os mesmos não pode ir em casa almoçar.

Salga de peixes: A salga ,de peixe era feita, geralmente, pelas mulheres dos pescadores como meio de subsistência. A pesca apesar de farta, era incerta e elas contribuíam no orçamento da família.

Pegar lenha: O fogão era de lenha. As comadres reuniam-se e iam pegar lenha na restinga ou nos morros para acender o fogo e fazer comida para seus filhos e maridos. Apesar do sacrifício de Ter que trazer a lenha na cabeça ,elas lembram com saudade, pois eram momentos de troca das novidades entre as comadres.

Carregar água da cacimba: Não existia água encanada. A água utilizada era a do poço para os serviços mais pesados, e da cacimba para cozinhar e beber. A água era carregada em latas na cabeça.

Lavar Roupa na Cacimba: As mulheres iam cedo, cavavam cacimba, lavavam as roupas e colocavam para secar. As roupas eram, colocadas para secar em arbusto próximos às cacimbas ou na própria areia da praia . As crianças ficavam brincando próximas as mães, ou tomando banho no lagamar.

Às vezes levavam comida e comiam no local, outras vezes vinham em casa comer e voltaram à tardinha para buscar a roupa já seca.

Catar frutas na restinga: Constituíam uma diversão, os jovens, crianças e até idosos aos domingos irem catar cambuim, guapeba (gopeba),coquinho gurmichama, gravatá na restinga. Reunia uma turma e ia para a restinga.

Conversas nas calçadas: Os pescadores depois de um dia de luta no mar, reuniam-se nas calçadas para contar “os causos” . Todos queriam relatar suas aventuras, cada uma mais perigosa que a outra. O cenário composto pelo luar brilhante em contraste com o vento forte e constante, associado a expectativa da platéia, constituía um verdadeiro quatro histórico, impossível de ser esquecido.

Conversa no bar de seu Ismael: Os pescadores à noite ou nos fins de semana reuniam-se ( alguns ainda reúnem-se) , para conversar, beber cachaça e jogar buraco.

Tingir rede para pescaria: Os pescadores usavam a casca da raiz do murici para tingir a rede. Essa tintura era para conservar e escurecer, pois a rede escura facilita a pesca de determinada espécie de peixe.

A tainha deverá ser pescada com a rede branca porque ela não vê na rede escura ela bate e se assusta.

Lavar panelas com areia da praia: A areia fina da praia era também usada para lavar as panelas e todo material de alumínio, pois o produto industrializado ainda não havia chegado aqui. Todo utensílio de alumínio ficava limpo e brilhante.

Lavar casa para a festa: Fazia parte dos costumes do povo cabista lavar o chão das casas na véspera de alguma festa. Depois que o chão secava, colocava areia fina da praia .A areia era para conservar o chão limpo e dar brilho.

No dia da festa, varria a casa , tirava a areia e o chão ficava limpo e brilhante.

“Aqui ninguém comia carne na Semana Santa, e nem colocava banha no feijão. Não se varria casa, a casa só era varrida no sábado . As canoas ganhavam cruzes e quando alguém ia pescar falavam: Ih, fulano está de rabo. E no dia de finados ninguém ia para a restinga”.

“Quando morria alguém na Praia dos Anjos as portas fechavam, nem se cantava por que aqui tudo era família. Ninguém ouvia rádio. “

“Amarelava o peixe e depois comia com banana. A gente salgava o peixe, Xaréu ou Anchova, deixava no sol três dias aí amarelava. Botava na água e deixava sair o sal depois cozinhava com banana e comia com pirão. Naquela época, feijão e arroz era difícil”. 

Manifestações e Festas Populares:


Festa de São Pedro, barqueata

Dia 29 de junho na Praça do Cova

Festa de Aniversário da Cidade

Dia 13 de maio na Praça Castelo Branco

Corpus Christi

Data móvel, Tapete de sal nas ruas

Festa de N. Senhora dos Remédios

Dia 18 de outubro, Praça do Cova

Carnaval

Data móvel, com desfile de blocos na Praia dos Anjos 

Lendas de Arraial do Cabo

CHACO DA BAJA O LOBISOMEM

– Chaco era pescador e saía pelas ruas do Arraial vendendo seus peixes, tinha um vozeirão tremendo. Ganhou este apelido quando um dia, ao entrar no trem e ver a caldeira cheia de brasa disse: _Olha quanta “baja”!

– Seu pai era Martiniano, que fazia as melhores esteiras do lugar. Colocava o feixe de esteiras nas costas e saía oferecendo:

– Olha o colchão de mola!

– Dizem que Chaco puxou ao pai por ter tido fama de lobisomem. Mas Chaco era metido a cantor, as pessoas falavam que ele não conhecia música nenhuma, mas ele respondia:

– Eu conheço um musiqueiro danado!

– Quando ele dava seus gritos na Praia Grande todo o Arraial ouvia. Ele andava constantemente embriagado. Chaco carregou com ele a sina de ser o lobisomem do lugar. Ele tinha um aspecto meio assustador e talvez isso tenha facilitado ainda mais as suspeitas e a fama. Por isso todos afirmavam que ele era o lobisomem do Arraial, principalmente da Praia Grande. No Bairro da Prainha o lobisomem era Cardoso.

– Um dia Chaco estava na pescaria e de repente sumiu, os pescadores o procuraram mas não o encontraram. Assim que ele desapareceu um enorme cachorro surgiu próximo aos pescadores. Um pouco mais tarde Chaco apareceu com a cara toda suja de tripas de peixe. Dizem que o lobisomem de Arraial do Cabo se alimentava de tripas de peixe e restos de lula.

– Seu Teixeira estava pescando junto com Franque e José, quando surgiu um enorme cachorro pegando os peixes deles, os pescadores pegaram a faca e o ameaçaram:

– Agora você vai mostrar quem você é!

– Correram pelo morro num pequeno caminho mas não o alcançaram. No outro dia seu Teixeira foi falar com a mãe de Chaco sobre o que havia acontecido. A mãe do suspeito lobisomem relatou que havia restos de tecido nos dentes de Chaco. Ao saber que sua mãe havia feito este comentário para seu Teixeira. Chaco marcou uma pescaria com ele à noite na Praia Grande. Bastante desconfiado seu Teixeira não foi à pescaria e para ter certeza que o lobisomem era quem ele estava desconfiado, ele confeccionou um boneco de pano, encheu de melão São Caetano, chegou na praia antes do combinada e colocou o boneco estrategicamente em cima do Morro Boa Vista. Seu Teixeira se escondeu e ficou a espreita aguardando a chegada de Chaco quando o lobisomem chegou começou a estraçalhar o boneco, pensando que fosse seu Teixeira.

– Diz a lenda do lobisomem que a pessoa que descobre o segredo dele acaba sendo morto pelo lobisomem. Mas dessa Seu Teixeira se livrou. Mas contam que o lobisomem que atacou seu Teixeira não tinha sido Chaco e sim um irmão dele que não teve o nome revelado. Para espantar o lobisomem passava-se a faca no chão ou na pedra de amolar que ele desaparecia rapidamente. Contava-se também que a criança que saísse pela grade do berço viraria lobisomem.

– Quanto ao lobisomem Chaco da Praia Grande, teve um trágico fim. Foi assassinado covardemente por uns rapazes que o assaltaram na Praia Grande. Crime que deixou o povo do lugar bastante consternado.

 

CRENDICES DO LOCAL

Quando a galinha não estava colocando ovos diziam que ela estava de ovo virado e para resolver o problema, passava-se a galinha dentro de uma cueca e o problema estava resolvido.

Chuvas fracas: desenhava-se vários riscos no chão imitando o sol, que a chuva parava e o sol brilhava.

Quando havia lanço de Maimbá ( tipo de peixe) era por que o tempo viraria e daria ressaca ou maresia. Todos colocavam as canoas para cima da praia.

 

Praias:

•  Praia Brava

Localização: Pontal do Atalaia, entre a ponta do Veado e a ponta do Boqueirão. Descrição: com cerca de 300 m de extensão, apresentando vegetação típica da restinga. Tem a sua frente a Ilha do Francês. É considerada uma das praias mais perigosas da região e sua faixa de areia só aparece nos dias de maré baixa. Sendo também considerada ótima para o Surf e “pesca de beira de pedra”.

•  Praia do Forno

Localização: Enseada do Forno

Descrição: Com aproximadamente 500m de extensão, ao fundo o morro do forno, com forte presença de “cactos” e a frente destaca-se a Ilha de Cabo Frio / Farol. Localizada em uma enseada, à sua margem direita encontram-se as ruínas de fortaleza de Marisco. Área com grande presença de corais, e nelas estão presentes balsas usadas para pesquisa de fauna marinha e cultivo de ostras e mariscos que são vendidas no local.

•  Praia Grande

Localização: Av. Beira Mar

Descrição: praia oceânica com 1300m de extensão, longa faixa arenosa, com dunas cobertas de vegetação costeira. É composta pelo morro do Miranda e pela restinga de Massambaba. Propícia para o Surf e todas as modalidades de esportes náuticos.

•  Praia da Ilha de Cabo Frio / do Farol

Localização: Entre as Enseadas dos Anjos e do Forno

Descrição: Praia paradisíaca, única na ilha, tem cerca de 1000m de extensão, com pequenas dunas recobertas por vegetação típica da restinga. Avista-se a rocha de Nossa Senhora, o morro do Pontal do Atalaia, a Ilha dos Porcos e as Prainhas. No seu extremo esquerdo, estão os prédios do Instituto de Estudos da Marinha, ACM Paulo Moreira (IEAPM). O local é propício a todas as modalidades de pesca, inclusive submarina

•  Praia de Massambaba

Localização: Monte Alto e Figueira, Estrada da Figueira ( RJ 102)

Descrição: Praia oceânica como aproximadamente 25 Km de extensão dentro do município de Arraial do Cabo, apresenta vegetação de restinga. Destaca-se a Lagoa de Araruama e a restinga de Massambaba, que se estende até o município de Saquarema. O local é propício para a pesca de vara, arrastão e esportes náuticos, especialmente o Surf.

•  Praia do Pontal

Localização: entre o morro de Miranda e a praia do Foguete – RJ 140 – Álcalis. Descrição: Praia com aproximadamente 700m de extensão, vegetação típica da restinga e limita-se à direita com o calçamento de aproximadamente 100m, que separa o mar do canal de tratamento do condomínio Village do Pontal e o morro do Miranda. Dela vista-se a Praia do Forte em Cabo Frio. À sua frente se destaca a Ilha do Pontal. O local é propício à pesca de arrastão, ao mergulho e Surf.

•  Prainha

Localização: Enseada da Prainha, na entrada da cidade.

Descrição: Praia com aproximadamente 1000m de extensão, com vegetação e suas extremidades. A direita através da trilha, alcança-se a Praia da Graçainha, com 15m de extensão, cuja faixa de areia só aparece na maré baixa. Próximo à Prainha está o Saco do Cherne, ótimo local para pesca de linha, molinete e de mergulho.

•  As Prainhas

Conjunto de praias paradisíacas em frente a Ilha do Farol, descendo pelo Pontal do Atalaia, excelente local para banho de mar, com águas calmas, cristalinas e tranqüilas.

•  Praia do Sudoeste

Localização: Lagoa de Araruama – Estrada da Figueira, RJ 10

Descrição: Praia lacustre de águas verdes, transparentes e mornas. Destacam-se as salinas, de propriedade da Cia. Nacional de Álcalis, a Lagoa de Araruama, que se estendem por toda sua orla marítima. O local é sempre procurado para piquenique e banhos. 

Pontos de contemplação da Paisagem

Pontal do Atalaia:

Belíssima vista em qualquer hora do dia, especialmente no pôr do Sol, e como local de observação de estrelas a noite. Consiste em um dos pontos turísticos mais altos da região da Costa do Sol.

Acesso de paralelepípedo com descidas e subidas íngremes.

Pôr do Sol na Praia Grande:

Constitui um dos cartões postais de Arraial do Cabo. É uma linda praia com extensa faixa de areia, onde a natureza foi mais que generosa.

Trilha da Graçainha:

A trilha começa no canto direito da Prainha, de onde se pode observar uma linda vista após 20 minutos de caminhada, tem pouco grau de dificuldade, mas deve-se ir sempre acompanhado, munido de água, celular e protetor solar.

 

Distâncias Rodoviárias

Rio de Janeiro > Arraial do Cabo  –  140 Km

São Paulo > Arraial do Cabo  –  560 Km

Belo Horizonte > Arraial do Cabo  –  550 Km

Vitória > Arraial do Cabo  –  400 Km

Brasília > Arraial do Cabo  –  1250 Km